COMPETÊNCIAS DE LIDERANÇA: uma proposta para a análise do desenvolvimento de competências de líderes no ambiente corporativo na era digital

No mundo do trabalho, a era digital, também conhecida como era tecnológica ou era da informação, representa o avanço tecnológico nas rotinas de trabalho, e consequentemente refletem nas grandes mudanças que surgem no cotidiano dos trabalhadores.

Nessa era, o acesso à informação é uma das grandes vantagens para a sociedade, tornando um dos principais motivos da mudança do tipo de gestão vertical para a gestão horizontal. Essa mudança trouxe benefícios e desafios, visto que os gestores deliberam sobre diferentes assuntos por meio do compartilhamento do conhecimento da equipe.

Muitos desafios surgem nessa prática, pois a rotina educacional normalmente não reproduz essa prática, e desta forma, muitas pessoas não conseguem compreender porque o seu líder não decide sozinho e depende da opinião do grupo. Será que é porque ele não sabe decidir sozinho?

Tendo esse fato, como um dos problemas da gestão horizontal, esse artigo traz uma proposta de desenvolvimento de competências para a liderança de equipes do Cidade Júnior, localizado em Curitiba – PR, pautada nas Categorias de Competência de Docentes Digitais apresentada por Perin, Freitas e Coelho (2023), com a proposta de identificar e desenvolver habilidades que auxiliem os líderes na gestão de processos com a participação de pessoas com diferentes habilidades e deficiências na área administrativa e educacional.

Historicamente o termo competência foi aplicado inicialmente na área jurídica e posteriormente foi atribuída a pessoas que possuíam capacidade de desempenhar determinadas atividades de maneira eficiente. Nessa perspectiva, as barreiras estruturais e tecnológicas precisam ser consideradas ao avaliar as competências de profissionais. Ao considerar a evolução tecnológica nos últimos anos, a existência de ferramentas que possibilitam o acesso de pessoas com deficiência nas organizações é um dos motivos que justifica a superação da crença de que as pessoas com deficiência não possuem capacidades para trabalhar.

Mais que cumprir a Lei de Cotas para Pessoas com Deficiência (8.213/91), ou a proposta de Inclusão da Diversidade nas organizações com base na responsabilidade social explícita no Artigo 170 do texto constitucional.

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: I – soberania nacional; II – propriedade privada; III – função social da propriedade; IV – livre concorrência; V – defesa do consumidor; VI – defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; VII – redução das desigualdades regionais e sociais; VIII – busca do pleno emprego; IX – tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País (Mendes, 2015, p. 7).

As Categorias de Competência de Docentes Digitais são utilizadas como diretriz de análise da rotina de líderes digitais na perspectiva de gestão de equipes multidisciplinares, já que estes assumem o papel de estimular o desenvolvimento dos profissionais de suas equipes, e também auxilia na rotina de avaliação de competências de todos os profissionais envolvidos na rotina laboral.

Figura 1 – Categorias de Competência de Docentes Digitais

Figura 1 – Categorias de Competência de Docentes Digitais. Fonte: Perin, Freitas e Coelho, 2023, p.8.

Nessa proposta, são consideradas as habilidades dos docentes para realizarem a prática educacional de maneira que haja respeito e reconhecimento ao conhecimento dos estudantes participantes das aulas, bem como o domínio no uso das tecnologias disponíveis na prática laboral educacional.

Na rotina de trabalho em outras áreas, como administrativa, produção ou comercial, a rotina dos líderes com membros de equipe, não é diferente, quando falamos em gestão horizontal. Como no processo educacional, pautado no reconhecimento do valor das diferenças que está definido nas Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) – Lei nº 9.394/96, a rotina de trabalho também busca essa mesma prática.

Nesse sentido, o desafio está no desenvolvimento das Categorias de Competências de Docentes Digitais em líderes imersos em diferentes demandas no seu cotidiano. Quando consideramos as diferentes categorias, consideramos as diferentes habilidades e perfis que cada gestor possui. Essa combinação de fatores diferencia um líder de outro e auxilia, ou não, o desenvolvimento de determinados liderados, os quais, também possuem esses diferentes fatores em desenvolvimento, combinando ou não com o perfil e as competências de seu líder.

Considerando essa variáveis e o processo de avaliação por competências realizado no Cidade Júnior, a proposta de aplicar as Categorias de Competência de Docentes Digitais para auxiliar na identificação das categorias das competências dos líderes digitais, representada no Quadro 1, apresenta de maneira adaptativa para a realidade laboral desenvolvida nas áreas administrativas educacionais e de gestão de equipes do Cidade Júnior, conforme segue:

Fonte: Autora (2024).

É importante ressaltar os benefícios e desafios da aplicação dessa proposta, visto que a diversidade de cultura, interesses e conhecimentos fazem parte de todos os ambientes de trabalho e para tanto, precisamos considerar a diversidade como um elemento fundamental na análise dos resultados.

Da mesma forma, estamos acostumados a observar a diversidade na natureza como algo rico e belo. Enquanto na rotina de trabalho ela precisa ser incluída. Será que são os efeitos da mudança de um paradigma? Afinal, toda mudança de Revolução Industrial traz obrigatoriamente a mudança de processos, e consequentemente a mudança de comportamentos, e de forma sucessiva a mudança de visão.

Quem sabe estamos vivendo na era do reconhecimento da beleza nas diferenças das pessoas. A beleza em todas as suas nuances. Seja a beleza nas diferentes habilidades, nas diferentes dificuldades, nos diferentes interesses, nas diferentes culturas, etc. A diversidade faz parte da natureza universal e não poderia ser diferente com as pessoas.

Nessa trilha, nos encontraremos no próximo artigo para detalharmos cada uma das competências na perspectiva da rotina de trabalho de líderes e suas equipes, garantindo que a diversidade esteja presente, valorizando e enriquecendo os processos produtivos.

Rejane Bressan, 2024.

Referências

FREITAS, M.C. D.; KEMCZINSKI, A. ; SERNA, M. C. L. ; MOYA, J.J.M. ; SILVA, H. F. N. . E- rúbrica: una estrategia didatico-pedagogica para evaluar asignaturas en la modalidad la distancia como alternativa para flexibilizar Curso de Grado. In: Congreso Internacional sobre evaluación por competencias mediante erúbricas, 2012, Málaga – Espanha. Congreso Internacional sobre evaluación por competencias mediante erúbricas. Malaga: Universidade de Malaga, 2012.

JUNIOR. R.L. O exercício profissional em engenharia: panorama da regulação e da fiscalização do exercício profissional da engenharia, arquitetura e agronomia no Brasil. Capitulo III Trajetória e estado da arte da formação em Engenharia, Arquitetura e Agronomia – volume I: Engenharias / Organizador: Vanderlí Fava de Oliveira. – Brasília : Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, 2010.

Lei de Cotas para Pessoas com Deficiência. LEI Nº 8.213, DE 24 DE JULHO DE 1991. Disponivel em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm

MENDES, T. C. P. Responsabilidade social na prática e no direito societário brasileiro: Origem, razões e limites. Boletim conteúdo Jurídico. 2005. Disponível em: https://conteudojuridico.com.br/consulta/Artigos/43469/responsabilidade-social-na-pratica-e-no-direito-societario-brasileiro-origem-razoes-e-limites

PERIN, E. S., FREITAS, M.C. D. e COELHO, T.R. Modelo de competência docente digital: revisão bibliométrica e de literatura. EDUR Educação em Revista. 2023; 39:e35344 DOI: http://dx.doi.org/10.1590/0102-469835344.

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